ARTISTAS



ARTISTAS BLUMENAUENSES:



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( HISTÓRIA DA ARTE)   ARTISTAS BRASILEIROS 


TARSILA DO AMARAL



Nascida em Capivari, SP, em 1886, a pintora Tarsila do Amaral é, indiscutivelmente, um ícone da arte brasileira nesse século. Podemos dizer que Tarsila do Amaral encontrou soluções extremamente pertinentes para o que talvez seja o maior dilema da arte brasileira contemporânea: a difícil combinação entre as novas informações e a tradição advindas da arte européia e o caldo cultural brasileiro, principalmente no que se refere à expressão popular.


Tarsila do Amaral teve uma formação acadêmica muito sólida, em São Paulo e em Paris, o que não resultou para a artista em amarras estéticas ou imposições formais. Muito pelo contrário, a formação acadêmica só reforçou a singularidade da cultura popular brasileira para Tarsila. É essa cultura que seria reinterpretada e redescoberta à luz do modernismo brasileiro. Tarsila do Amaral é peça chave do movimento modernista, integrando o “grupo dos cinco”, formado por intelectuais e artistas fundadores do movimento, como Anita Malfatti, Oswald de Andrade, Mário de Andrade e Menotti del Pichia.


Nessa época começa o namoro com Oswald de Andrade, com quem se casaria em 1926.


Tarsila do Amaral foi uma artista muito consciente da sua importância no movimento modernista e da inserção da sua obra no panorama brasileiro das artes plásticas. Tarsila integrava a vanguarda intelectual e artística da época, cultivando uma forte amizade com o intelectual franco-suíço Blaise Cendrars.


Em 1928, pintou o Abaporu, tela batizada por Oswald e pelo poeta Raul Bopp, e que inspiraria o movimento o movimento antropofágico, importante movimento cultural da década de 1930, vinculado ao modernismo e encabeçado por Oswald de Andrade. Em 1950, Sergio Milliet organizou retrospectiva da artista no Museu de Arte Moderna de São Paulo. Tarsila participou também da I Bienal, em 1951. Em 1964, participou da Bienal de Veneza e em 1969 o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro inaugurou uma grande exposição de sua obra: 50 Anos de Pintura.


Esse quadro de Tarsila bateu o recorde de preço de uma obra brasileira, estando situado hoje na Argentina.


É considerada uma das mais importantes artistas brasileiras que, embora tenha tido uma curta carreira, criou obras de expressão inigualável para a arte moderna no Brasil.

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VICTOR BRECHERET


nasceu em 1894, em Viterbo, na Itália. Estudou desenho no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, interessando-se logo depois pela escultura de Rodin através de reproduções. Em 1913 transferiu residência para Roma, onde permaneceu por seis anos. Lá estudou com Dazzi e tomou contato com as obras de Bourdelle e Mestrovic. Voltou a São Paulo em 1919 após curta temporada em Paris. Pouco depois fixou-se em Paris, onde integrou o grupo dos fundadores do Salão das Tulherias. Embora residindo em Paris, em 1922 tomou parte, em São Paulo, da Semana de Arte Moderna ao lado de Mário e Oswald de Andrade, Di Cavalcanti, Menotti del Picchia e outros. Brecheret foi o responsável por uma direção inovadora para a atualização da escultura brasileira em relação aos níveis internacionais contemporâneos, especialmente pela recusa de um academismo, com esculturas estilizadas e de tensão dramática considerável. Sua obra envereda, a partir de 1921, por um caminho cada vez mais moderno, dialogando com informações do cubismo e das vanguardas européias, sendo inquestionável a sua qualidade estética e formal.


Nos anos 30, também em São Paulo participou das exposições da Sociedade Pró-Arte Moderna e dos salões de Maio (1937 a 1939). Em 1951 foi homenageado na I Bienal de São Paulo com o prêmio de melhor escultor nacional. Na bienal foi ainda homenageado em 1957 com sala especial. Sua obra integra os acervos do Museu de Arte de São Paulo, da Pinacoteca do Estado e do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo. Realizou ainda, na capital paulista, a medalha comemorativa do Centenário da Independência do Brasil (1920), a escultura Eva (1921) e o Monumento às Bandeiras, este projetado nos anos 20 e realizado posteriormente.


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EMILIANO DI CAVALCANTI


nasceu em 6 de setembro de 1897. Naquela época, o panorama das artes plásticas no Brasil era bastante desolador: a pouca informação, conjugada ao tradicionalismo conservador das elites vigentes deixavam o cenário da pintura a depender ainda de ecos das já ultrapassadas correntes artísticas européias.


Nesse contexto, tornaram-se muito importantes as exposições de Lasar Segall, em 1913, e de Anita Malfatti, em 1917, esta duramente criticada. Esses dois episódios fazem parte da história de um movimento em direção às correntes modernistas européias, que iria culminar na Semana de Arte Moderna de 1922. Di Cavalcanti já era um artista de talento bastante reconhecido nessa época, e sua atuação em 1922 foi essencial: o artista foi um dos idealizadores da Semana de Arte Moderna e uma referência importantíssima para todo o grupo modernista e, desde então, para a história das artes plásticas no Brasil.


Di Cavalcanti era um intelectual muito bem informado sobre as vanguardas modernistas do seu tempo, interessado não só por artes plásticas, mas por outras áreas também. Por isso mesmo, em 1921, o artista fora convidado a ilustrar o livro “Balada do Cárcere de Reading”, de Oscar Wilde, um dos mais significativos escritores contemporâneos. Em 1923, Di Cavalcanti realiza viagem a Paris, freqüentando o ambiente intelectual e boêmio da época e convivendo com Picasso e Braque, entre outros, numa relação de admiração mútua. Sua experiência do contato com o cubismo, expressionismo e outras correntes artísticas inovadoras, conjugadas à consciência da sua posição de artista brasileiro, concorreram para aumentar a sua convicção no propósito de ousar e destruir velhas barreiras, colocando a arte brasileira em compasso com o que acontecia no mundo. Di Cavalcanti sabia estar no caminho certo esteticamente e a viagem a Paris só reforçou as suas certezas. Entretanto, o ambiente do pintor não era o dos boulevares de Paris: Di Cavalcanti estava impregnado dos trópicos, de uma atmosfera sensual e quente.


À sua ousadia estética e perícia técnica, marcada pela definição dos volumes, pela riqueza das cores, pela luminosidade, vem somar-se a exploração de temas ligados ao seu cotidiano, que ele percebia com vitalidade e entusiasmo. A profunda inclinação aos prazeres da carne e a vida notívaga influenciaram sobremaneira sua obra: o Brasil das telas de Di Cavalcanti é carregado de lirismo, revelando símbolos de uma brasilidade personificada em mulatas que observam a vida passar, moças sensuais, foliões e pescadores. A sensualidade é imanente à obra do pintor e os prostíbulos são uma de suas marcas temáticas, assim como o carnaval e a festa, como se o cotidiano fosse um permanente deleitar-se. A originalidade de uma cultura constituída por um caldo de referências indígenas, européias e africanas, de forma contraditória e única, transparece em suas telas através de uma luminosidade ímpar.


Marcada pela evolução constante em direção a uma técnica cada vez mais acurada, a obra de Di Cavalcanti pode ser situada numa tradição interpretativa do Brasil. Hoje, o pintor é um dos mais populares artistas brasileiros, alcançando enorme prestígio também no exterior: suas obras são disputadíssimas nos leilões internacionais, imprescindíveis a todas as coleções latino-americanas. A pintura de Di Cavalcanti representa toda uma imagem do país no mundo afora, ressaltando a sua exuberância natural e humana: é indiscutivelmente figura chave da arte brasileira. Todo o seu entendimento tem passagem obrigatória por Di Cavalcanti.



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DJANIRA MOTTA E SILVA



nasceu em Avaré, São Paulo em 20 de junho de 1914, neta de imigrantes austríacos e de indígenas. Djanira foi pintora, desenhista, ilustradora e cenógrafa, Ainda criança muda-se para Porto União, em Santa Catarina. Volta a Avaré em 1928, quando vive entre os cafezais da região. Casa-se com Bartolomeu Gomes Pereira, maquinista da Marinha Mercante, que morre quando seu navio é torpedeado durante a Segunda Guerra Mundial 1952 - Salvador BA - Casa-se com José Shaw da Motta e Silva. Depois de mudar-se para São Paulo, adoece de tuberculose, realizando assim seu primeiro desenho quando recebia tratamento para a doença no Sanatório Dória, em São José dos Campos, em meados dos anos 30. Instala, em Santa Teresa, Rio de Janeiro e estreita seu contato com a arte, ponto de encontro de artistas e intelectuais na época era a Pensão Mauá, onde estava hospedada. Por volta de 1940, passa a ter aulas com Emeric Marcier e Milton Dacosta, seus hóspedes, e também freqüenta curso noturno no Liceu de Artes e Ofícios. Em 1943, expõe pela primeira vez em uma mostra individual, na Associação Brasileira de Imprensa. Reside em Nova York entre 1945 e 1947 onde é influenciada pela pintura de Pieter Brueghel. Nesta mesma época, conhece Fernand Léger, Joan Miró e Marc Chagall. Ao voltar ao Brasil, realiza o mural Candomblé para a residência do escritor Jorge Amado, em Salvador, e painel para o Liceu Municipal de Petrópolis, no Rio de Janeiro.De volta ao Rio de Janeiro, da sua viagem á União Soviética, torna-se uma das líderes do movimento pelo Salão Preto e Branco, um protesto de artistas contra os altos preços do material para pintura. Em 1963 realiza o painel de azulejos Santa Bárbara, com 160 m2, no túnel Catumbi, Laranjeiras, Rio de Janeiro. Profundamente religiosa, ingressa na Ordem Terceira Carmelita, da qual recebe o hábito com o nome de Irmã Teresa do Amor Divino. Em 1972 recebe do Vaticano a Medalha e Diploma da Cruz “Pro Ecclesia et Pontifice”, conferida pelo Papa Paulo VI. Djanira, aliás, foi a primeira artista latino-americana representada com obras no Museu do Vaticano, para quem ofereceu a tela “Santana de Pé”, por ela pintada com o braço esquerdo, pois havia fraturado a clavícula. Considerada uma das mais importantes artistas do século 20 no País, Djanira é, sem dúvida, a mais autenticamente brasileira de nossas pintoras, por ter interpretado de maneira singela e poética a paisagem nacional e os habitantes e costumes do país. A artista plástica falece no Rio de Janeiro no dia 31 de maio de 1979. Djanira


A partir de 1950 sua arte adquiriu formas ainda mais depuradas. Viagens ao interior do Brasil, principalmente ao Maranhão e à Bahia, permitiram-lhe ver os rituais populares do candomblé e do maracatu, o que contribuiu para enriquecer seu colorido, desenho e composição. A técnica de Djanira é de tal modo despojada que a impressão transmitida por seus quadros, de linguagem muito direta, é a de um realismo que beira a expressão primitiva.


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ANITA CATARINA MALFATTI


nasceu em 1889 na cidade de São Paulo e cresceu com a cidade progredindo a sua volta, vendo São Paulo ‘antigo’ tornar-se uma metrópole. Filha de mãe norte-americana e pai italiano foi à Itália com três anos para uma intervenção cirúrgica no braço e na mão direitos, atrofiados congenitamente e voltou ao Brasil após longa e difícil adaptação em 1894, praticamente sem melhoras. Anita não pode se livrar da atrofia então adestraria mais tarde a mão esquerda.Formou-se em 1908 pelo Mackenzie, e começou a lecionar, ajudando a mãe, que quando tornou-se viúva, passou a dar aulas de idiomas e pinturas. A fim de estudar pintura, embarcou para a Alemanha, em 1910 ingressava no atelier Fritz Burger e no ano seguinte matriculava-se na Academia Real de Belas Artes, em Berlim.


Na adolescência procurava seu caminho, dirigia seu interesse para a arte, queria saber se “tinha ou não talento”, de inicio pensou na poesia, mas esse se revelou ser “na cor e na pintura”. Anita vinha de uma família de engenheiros e construtores, que desenhavam frequente4mente, por conseguinte acostumou-se cedo ao lápis, ao nanquim, e mesmo ao óleo. A primeira tela de Anita retrata a cabeça de um velho com uma enxada no ombro, em cores terrosas mais ou menos entre 1909 e 1910.

Em 1912 teve a revelação da arte moderna através das originais de Cezane, Gauguin, Van Gogh, Matisse e Picasso, e seria a primeira artista brasileira a perceber e absorver a nova arte, trazendo-a para o Brasil. Na Europa a revolução no campo da arte vinha de longa data e Malfatti viveu nesse meio até 1914, justamente o período de amadurecimento do expressionismo. Quando chegou a Europa Anita viu “pela primeira vez a pintura”, ao visitar os museus ficou ‘tonta’, e não se atrevia a pintar, desenhou seis meses “dia e noite”. passou a se encaminhar intuitivamente para formas mais atualizadas de pintura, assim a mais marcante manifestação de 1912 a atingiu, a grande retrospectiva da arte moderna em Colônia, e no verão de 1912 começou sua procura dentro da arte moderna.

Regressou em 1914 ao Brasil, realizando sua primeira exposição individual em 23 de maio, mostrou uma linguagem nova ainda em formação. No fim desse ano viajou para os Estados Unidos em busca de aprimoração de sua técnica, ingressou em uma academia para continuar os estudos, mas se desapontou como método, até que encontrou um filosofo incompreendido e que deixava os outros pintar à vontade, Anita Malfatti vivia encantada “com a vida e com a pintura”. O ano de 1916/17 teve um marasmo no meio artístico, as ocasiões para expor eram raras, mas quando apareceram, Malfatti delas participou.

Em 1917 participa do Salão Nacional de Belas Artes e de uma exposição organizada por Di Cavalcanti, que a princípio foi bem recebida, mas Anita sentiu-se atingida pelo ataque de Monteiro Lobato, efetuando assim em 1919 um recuo estático, que demonstra sua insegurança. Nesse período de depressão, de3 1918 a 1921 aproximadamente, sua pintura mostra grandes modificações, a partir até da temática, se interessa por natureza morta, o que chega a ser um ‘nacionalismo’ tipo ‘caipira’.


Anita era uma das expositoras da mostra realizada no Teatro Municipal de São Paulo como integrante da Semana da Arte Moderna em fevereiro de 1922 e no mesmo ano, em junho, passou a integrar o grupo dos cinco.


Outra vez seguiu para a Europa em 1923, freqüentando cursos livres de artes, academias e ateliês. Sua procura por uma arte moderna sem excessos não agradou aos modernistas brasileiros que aos poucos foram se afastando da pintora, que com ou sem dúvidas, não deixou de trabalhar com a cor. Essa fase de procura – 1926 e 1927- Anita se apresentou sistematicamente a critica, nos salões e em uma individual. No ano de 1929 declarava à imprensa ter resolvido fazer sua exposição mais completa, com obras anteriores e recentes reunidas.


Foi um dos 39 membros fundadores da SPAM e organizou o carnaval na cidade de SPAM em 16 de fevereiro de 1933. Em 1935 e 1937, realizou duas individuais onde o problema da procura de compradores continuava subjacente, a de 35 tinha um catálogo cuidado com a relação de obras expostas, o que foi raro em sua carreira.


A individual de 1945 mostra bem os temas que interessavam a Anita Malfatti nos anos 40: retratos e flores, paisagens e cenas populares. A primeira retrospectiva de Anita ganha lugar no Museu de Arte de São Paulo em 1949 e em 1951 participa do I Salão Paulista de Arte Moderna e da I Bienal da São Paulo.


A mãe de Anita falecera e isso a levou e se desligar do meio artístico, porém em abril de 1955 apresentou, numa individual no Museu de Arte de São Paulo, sua produção recente, desses anos de retiro, e fazia questão de reafirmar que agora “faz pura e simplesmente arte popular brasileira”.

Anita Malfatti faleceu a seis de novembro de 1964, após ter recebido, no ano anterior, uma exposição na Casa do Artista Plástico e uma sala especial na II Bienal de São Paulo.

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ALDEMIR MARTINS


nasceu em Ingazeiras, no Vale do Cariri, Ceará em 8 de novembro de 1922. A sua vasta obra, importantíssima para o panorama das artes plásticas no Brasil, pela qualidade técnica e por interpretar o “ser” brasileiro, carrega a marca da paisagem e do homem do nordeste.

O talento do artista se mostrou desde os tempos de colégio, em que foi escolhido como orientador artístico da classe. Aldemir Martins serviu ao exército de 1941 a 1945, sempre desenvolvendo sua obra nas horas livres. Chegou até mesmo à curiosa patente de Cabo Pintor. Nesse tempo, freqüentou e estimulou o meio artístico no Ceará, chegando a participar da criação do Grupo ARTYS e da SCAP – Sociedade Cearense de Artistas Plásticos, junto com outros pintores, como Mário Barata, Antonio Bandeira e João Siqueira.

Em 1945, mudou-se para o Rio de Janeiro e, em 1946, para São Paulo. De espírito inquieto, o gosto pela experiência de viajar e conhecer outras paragens é marca do pintor, apaixonado que é pelo interior do Brasil. Em 1960/61, Aldemir Martins morou em Roma, para logo retornar ao Brasil definitivamente.


O artista participou de diversas exposições, no país e no exterior, revelando produção artística intensa e fecunda. Sua técnica passeia por várias formas de expressão, compreendendo a pintura, gravura, desenho, cerâmica e escultura em diferentes suportes. Aldemir Martins não recusa a inovação e não limita sua obra, surpreendendo pela constante experimentação: o artista trabalhou com os mais diferentes tipos de superfície, de pequenas madeiras para caixas de charuto, papéis de carta, cartões, telas de linho, de juta e tecidos variados - algumas vezes sem preparação da base de tela - até fôrmas de pizza, sem contudo perder o forte registro que faz reconhecer a sua obra ao primeiro contato do olhar.

Seus traços fortes e tons vibrantes imprimem vitalidade e força tais à sua produção que a fazem inconfundível e, mais do que isso, significativa para um povo que se percebe em suas pinturas e desenhos, sempre de forma a reelaborar suas representações. Aldemir Martins pode ser definido como um artista brasileiro por excelência. A natureza e a gente do Brasil são seus temas mais presentes, pintados e compreendidos através da intuição e da memória afetiva. Nos desenhos de cangaceiros, nos seus peixes, galos, cavalos, nas paisagens, frutas e até na sua série de gatos, transparece uma brasilidade sem culpa que extrapola o eixo temático e alcança as cores, as luzes, os traços e telas de uma cultura.

Por isso mesmo, Aldemir é sem dúvida um dos artistas mais conhecidos e mais próximos do seu povo, transitando entre o meio artístico e o leigo e quebrando barreiras que não podem mesmo limitar um artista que é a própria expressão de uma coletividade.

Falece em 05 de Fevereiro de 2006, aos 83 anos, no Hospital São Luís em São Paulo.


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CÂNDIDO PORTINARI


nasceu em 30 de dezembro de 1903, numa fazenda de café, em Brodósqui, interior do Estado de São Paulo. Filho de imigrantes italianos e de origem humilde, desde pequeno já manifesta sua vocação artística.


Em 1919, decidido a tornar-se pintor vai para o RJ onde se matricula como aluno livre na Escola Nacional de Belas Artes.


Em 1928 recebe o Prêmio de Viagem ao Estrangeiro, da exposição Geral de Belas Artes, com o “Retrato do Poeta Olegário Mariano”.


Em maio de 1929 faz sua primeira exposição individual, com 25 retratos, no Palace Hotel do Rio de Janeiro. Neste mesmo ano vai para Paris, onde permanece até 1930. Lá conhece Maria Victoria Martinelli, sua companheira de toda a vida. Retorna ao Brasil em 1931.Em 1935 obtém seu primeiro reconhecimento no exterior, a segunda Menção Honrosa no Carnegie de Pittsburgh, Estados Unidos, com a tela “Café”, que retrata uma cena de colheita típica de sua região de origem.


Aos poucos, sua inclinação muralista revela-se nos painéis executados para o Monumento Rodoviário, na Via Presidente Dutra, em 1936 e nos afrescos do recém construído edifício do Ministério da Educação e Saúde, no Rio de Janeiro, realizados entre 1936 e 1944. Em 1939 executa três grandes painéis para o Pavilhão do Brasil na Feira Mundial de Nova York e o Museu de Arte Moderna de Nova York adquire sua tela “Morro do Rio”. Neste mesmo ano nasce João Cândido, único filho de Portinari e Maria.


Em 1940, participa de uma mostra de arte latino-americana no Riverside Museum de Nova York e expõe individualmente no Instituto de Artes de Detroit e no Museu de Arte Moderna de Nova York, com grande sucesso de crítica, venda e público.


Em 1946, Portinari volta a Paris para realizar, na Galeria Charpentier, a primeira exposição em solo europeu. Foi grande a repercussão, tendo sido agraciado, pelo governo francês, com a Legião de Honra.


Em 1952, atendendo à encomenda do Banco da Bahia, realiza outro painel com temática histórica: A Chegada da Família Real Portuguesa à Bahia, e inicia os estudos para os painéis Guerra e Paz, oferecidos pelo governo brasileiro à nova sede da Organização das Nações Unidas. Concluídos em 1956, os painéis, medindo cerca de 14 x 10m cada, os maiores pintados por Portinari, encontram-se no hall de entrada dos delegados do edifício-sede da ONU, em Nova York.. Em 1954, Portinari realiza, para o Banco Português do Brasil, o painel Descobrimento do Brasil. Neste mesmo ano, tem os primeiros sintomas de intoxicação das tintas, que lhe será fatal. Em 1955 recebe a Medalha de Ouro, concedida pelo International Fine Arts Council de Nova York, como o melhor pintor do ano.


No final da década de 50 Portinari realiza diversas exposições internacionais, expondo em Paris e Munique em 1957. É o único artista brasileiro a participar da exposição “50 Anos de Arte Moderna”, no Palais des Beaux Arts, em Bruxelas, em 1958, e expõe como convidado de honra, em sala especial, na I Bienal de Artes Plásticas da Cidade do México.

Em 1961 o pintor têm diversas recaídas da doença que o atacara em 1954 - a intoxicação pelas tintas -, entretanto, lança-se ao trabalho para preparar uma grande exposição, com cerca de 200 obras, a convite da Prefeitura de Milão.

Candido Portinari falece no dia 6 de fevereiro de 1962, vítima de intoxicação pelas tintas que utilizava.


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LASAR SEGALL

nasce no dia 21 de julho de 1891 em Vilna, Lituânia. Abandonou a terra natal ainda jovem, chegando em Berlim em 1906, onde cursou a Academia de Belas Artes de 1907 a 1909. Lá conquistou inúmeras premiações, mas não se adequou à disciplina local. Após permanecer três anos na academia foi desligado, pois participou de uma exposição de vanguarda, onde ganhou o prêmio Max Liebermann.

Vai para Dresde e matricula-se na escola de Belas Artes local, onde pode manter seu próprio atelier por ser assistente-aluno, assim desfrutou de total liberdade de expressão.

Realizou no mesmo ano de 1909 sua primeira individual, sua pintura impressionista passa paulatinamente a ser expressionista.

Em 1912 vem ao Brasil e no ano seguinte expôs suas pinturas com conotação tipicamente moderna, em São Paulo e Campinas, porém foi friamente recebido pelos críticos. Logo em seguida Lasar vai à Alemanha por motivos de saúde e por ser cidadão russo fica num campo de concentração e dois anos depois consegue autorização para voltar a Dresde onde publica três álbuns de gravuras. Realiza exposições individuais em Hagem (1920), Frankfurt (1921) e Leipzig (1923).

Aos 32 anos já tem um estilo pessoal, expressa-se com o auxílio de um desenho anguloso e de um colorido cru e forte, deformando o corpo humano para melhor externar as paixões e sentimentos.

A partir de 1923 volta ao Brasil, especificamente para São Paulo, concretiza uma individual paulistana e realiza imensos murais para a decoração do Pavilhão de Arte Moderna. No ano de 1927 Segall naturaliza-se brasileiro e começa a esculpir, passa a adquirir extrema mestria como escultor. Depois de uma exposição de sucesso em 1931, em Paris, passa a residir em São Paulo, onde morre no dia 2 de agosto de 1957. É um dos fundadores da Sociedade Pró-Arte Moderna - SPAM, em 1932, da qual se torna diretor até 1935. Dez anos após sua morte, em 1967, a casa onde morava, na Vila Mariana, São Paulo, é transformada no Museu Lasar Segall.

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ALFREDO VOLPI


nasceu em Lucca, Itália, a 14 de abril de 1896. Em 1897, a família Volpi emigra para São Paulo e se estabelece na região do Ipiranga, com um pequeno comércio. Destino comum aos filhos de imigrantes italianos, Volpi inicia-se em trabalhos artesanais e, em 1911, torna-se pintor decorador. Talvez daí decorra o gosto pelo trabalho contínuo e gradual da sua linguagem estética, próprio da valorização de um “saber fazer”.


Até os anos 30, Volpi elabora sua técnica e, principalmente, a partir da década de 1930, emerge um trabalho mais consciente, utilizando-se das cores para a construção de um equilíbrio muito próprio. Por esses tempos, Volpi aproxima-se de artistas como Fúlvio Pennachi e Francisco Rebolo Gonsales, integrando o Grupo Santa Helena. A denominação do grupo, e a inserção de Volpi nele, é oriunda mais de uma proximidade física dos pintores (que pintavam em uma sala do Edifício Santa Helena) e da sua origem comum do que de uma identificação estética. Volpi destoava do grupo especialmente por não ser um pintor conservador.

Em 1938, Volpi conhece o pintor italiano Ernesto de Fiori. O encontro seria muito frutífero para ambos, e se deu numa época muito oportuna para Volpi, que enveredava para um caminho de maior liberdade estética.

Um acontecimento fundamental para a evolução de Volpi foi a sua “estada” em Itanhaém, entre 1939 e 1941. Sua esposa teve problemas de saúde e mudou-se para o litoral, a fim de se tratar. O artista a acompanhou, retornando a São Paulo apenas nos finais de semana, em que procurava vender suas obras. A gravidade da doença de Judite Volpi envolveu o artista em questionamentos que o fizeram rever sua obra e suas concepções, liberando um potencial criativo latente, ao qual Volpi finalmente conseguiria dar vazão. A tensão própria de situações-limite possibilitou para Volpi uma liberdade gestual que imprimiria uma nova dinâmica à sua obra. A série de marinhas que Volpi pinta a partir dessa época evidenciam uma obra muito própria que se desenvolveria gradualmente até atingir um ápice abstrato em que as composições eram compreendidas em termos de cores, linhas e formas.

Cabe ressaltar que Volpi recusava teorizações estéreis, mas estava sempre muito bem informado das correntes artísticas do seu tempo, embora não se filiasse explicitamente a nenhuma delas, já que sua trajetória era extremamente pessoal. Esse é um dos pontos que fazem dele um grande pintor: Volpi é moderno e atual sem se importar com rótulos artificiais. A diferença é que ele não precisava ser moderno ou popular; simplesmente era.


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ALMEIDA JÚNIOR



José Ferraz de (1850-99). Nascido em Itu (SP) e falecido tragicamente em Piracicaba, no mesmo Estado. Demonstrando desde a mais tenra idade inclinações artísticas, teve no Padre Miguel Correa Pacheco seu primeiro incentivador, quando era sineiro da Matriz de Nossa Senhora da Candelária, em sua cidade natal. Foi o padre quem obteve, numa coleta pública, o dinheiro suficiente para que o futuro artista, já então com cerca de 19 anos de idade, pudesse embarcar para o RJ, a fim de ali estudar.

Em 1869 Almeida Júnior estava inscrito na Academia Imperial de Belas-Artes, aluno de Julio Le Chevrel e de Vítor Meireles. Durante o curso, parece ter sido a principal diversão dos colegas, com seu jeito de caipira, seu linguajar matuto, as roupas de roceiro. No dizer de Gastão Pereira da Silva, "era o mais autêntico e genuíno representante do tradicional tipo paulista. Mas sem nenhum traquejo de homem de cidade. Falava como os primitivos provincianos e tal qual estes vestia-se, andava, retraía-se. Mas isso não impediria que fizesse um curso brilhantíssimo, durante o qual recebeu diversas premiações em desenho figurado, pintura histórica e modelo vivo, inclusive, em 1874, a grande medalha de ouro, com o quadro Ressurreição do Senhor."

Terminado o curso, Almeida Júnior, ao invés de tentar concorrer ao prêmio de viagem à Europa, preferiu retornar a Itu, onde abriu ateliê, dedicando-se a fazer retratos e a lecionar desenho. O acaso, porém, fez com que um seu retrato fosse apreciado pelo Imperador Pedro II, durante uma viagem que realizou em 1875 à Província de São Paulo. Foi chamado à presença do soberano, que já o conhecia da Academia que lhe perguntou por que não ia aperfeiçoar-se na Europa, oferecendo-se logo em seguida para lhe custear e lhe perguntar pessoalmente a viagem. A 23 de março do ano seguinte, um decreto da Mordomia da Casa Imperial abria crédito de 300 francos mensais para que Almeida Júnior fosse estudar em Paris ou Roma. A 4 de novembro de 1876, o artista seguia com destino à França, e um mês depois já estava matriculado na Escola Superior de Belas Artes, em Paris, como aluno do célebre Cabanel.

De fins de 1876 até 1882 morou em Paris, efetuando, nesse último ano de sua permanência européia, breve excursão à Itália. Em Montmartre, onde residiu, teria pintado 16 telas com cenas do bairro famoso; tais pinturas, se de fato existiram, perderam-se de vez. Em compensação restam, do período francês, Arredores de Paris e Arredores do Louvre, e sobretudo as grandes composições com as quais participou dos Salons de 1880 (Derrubador Brasileiro e Remorso de Judas), 1881 (Fuga para o Egito) e 1882 (Descanso do Modelo), obras admiráveis da pintura realista de qualquer tempo ou lugar. É curioso observar que, no Derrubador Brasileiro, à falta de um. autêntico caboclo paulista, Almeida Júnior tomou como modelo um jovem italiano de nome Mariscalo.


Inteligente e estudioso, tendo realizado grandes progressos em Paris, Almeida Júnior nunca perdeu seu jeito displicente de matuto, e a um ilustre visitante brasileiro que fora procurá-lo no ateliê parisiense horrorizou com a frase, tantas vezes repetida, pronunciada no mais puro acento ituano: - Istou mórto pôr mi pilhar nó Brasil.

Ao Visconde de Nioac, representante brasileiro em França, que um dia lhe recriminara fala, roupas, modo de ser, retrucou indignado, afirmando que jamais abandonaria seus hábitos interioranos, nem nunca renegaria sua origem. Mas esse rústico, nas horas de folga da pintura, entregava-se longamente ao piano, do qual chegou a ser regular executante, e para o qual compôs algumas músicas. Não admira, pois, que no Descanso do Modelo o pintor esteja aplaudindo a jovem modelo que, desnuda da cintura para cima, dedilha displicentemente o teclado.

Voltando ao Brasil, Almeida Júnior expôs no Rio seus trabalhos executados em França. Mas o sucesso da mostra não impediu que pouco depois o pintor de novo se encafuasse em Itu, para em 1883 abrir ateliê em São Paulo. Na grande exposição de 1884, novamente expôs quatro dos seus maiores triunfos - a Fuga, o Derrubador, o Descanso e o Remorso. Ao comentar seu envio, Gonzaga Duque afirma ser Almeida Júnior "o mais pessoal e, sem dúvida, um dos que melhor sabem expressar, com toda clareza e nitidez de um estilo à Breton, os assuntos tomados de improviso a uma página da Bíblia, da História, ou simplesmente da vida de todos os dias e de todos os homens".

Pouco a pouco, em contato com a terra e os habitantes, Almeida Júnior irá substituindo os temas bíblicos pelos regionais, pelos aspectos simples de sua provinciana Itu. Pouco adianta que o Governo Imperial o agracie com a Ordem da Rosa em 1885, ou que Vítor Meireles o convide a ocupar sua vaga como professor da Academia: nada irá separá-lo da província, mesmo porque se encontra perdidamente apaixonado por sua antiga noiva (agora casada com outro) Maria Laura do Amaral Gurgel, que lhe corresponde à paixão, e a quem retratará várias vezes, nos traços de seus personagens femininos. Na década que vai de 1888 a 1898 nascem-lhe as grandes composições regionalistas, que hoje lhe garantem prestígio talvez superior às pinturas realizadas na França: Caipiras Negaceando, Cozinha Caipira, Amolação Interrompida, Picando Fumo, O Violeiro. Ocorrem, ainda, paisagens de Itu, Piracicaba e Votorantim, sem falar nos retratos.

Em 1891 e 1896 o pintor realizaria novas viagens à Europa, a última em companhia de Pedro Alexandrino, o qual, com bolsa de estudos do Governo de São Paulo, ia aperfeiçoar-se em Paris. Dos anos finais de sua existência datam ainda alguns quadros notáveis, como Leitura (1892), exposto no Salão de 1894, A Partida da Monção, baseada em desenhos de Hercule Florence e medalha de ouro no Salão de 1898, e finalmente O Importuno e Piquenique no Pio das Pedras, expostos, com mais seis obras, no Salão de 1899, e repletos, ambos, de conotações psicológicas. Infelizmente, a vida e a carreira de Almeida Júnior foram tragicamente truncadas a 13 de novembro de 1899, quando o artista caiu apunhalado, diante do Hotel Central de Piracicaba, por José de Almeida Sampaio, seu primo e marido de Maria Laura, o qual acabara de descobrir a ligação amorosa que existia, havia longos anos, entre a mulher e o pintor.

No panorama da pintura nacional, Almeida Júnior aparece como autêntico precursor. Em sua obra, que abrange pinturas históricas, religiosas e de gênero, retratos e paisagens, repercute uma personalidade que nunca se afastou um milímetro de suas idéias e convicções. Sua produção, não muito extensa, é valiosa do ponto de vista estético, histórico e social, nela se misturando influências românticas, realistas e até mesmo pré-irnpressionistas: como não ver, nesse artista probo e sincero, um êmulo de Courbet e de Millet, ou de Bastien-Lepage e Lhermitte, com os quais possui afinidades técnicas e temáticas?

Realista, os personagens do pintor são gente de carne e osso, que conheceu pessoalmente, gente que tinha nome, comia, vivia, amava. Assim, o modelo para Picando Fumo era um tipo popular de Itu, Quatro Paus; e a mulher que aparece escutando O Violeiro era figura notória da cidade, misto de enfermeira e dançarina num cabaré local. De inspiração outra são, evidentemente, as várias figurações de Maria Laura que perpassam por sua produção: porque Maria Laura é A Noiva (1886), ela é quem simboliza A Pintura, no quadro, de 1892, hoje na Pinacoteca de São Paulo surge na Leitura, também de 1892, quem sabe se também em O Importuno, de 1898, ou em Saudades, de 1899, quando não em Repouso, sensual figura de uma jovem adormecida, em meio à leitura, vendo-se o alvo seio que escapa dos rendilhados da camisola entreaberta. No que respeita aliás aos aspectos psicológicos da arte de Almeida Júnior, homem tímido e retraído mas paradoxalmente ousado, afrontando a tudo e a todos, em se tratando de seu amor por Maria Laura, quanta matéria de estudo em pinturas como as já mencionadas O Importuno, Leitura ou Repouso!

Tecnicamente, pode-se dividir sua carreira em duas fases, antes e depois de 1882. Na inicial a palheta é sóbria e o modelado de extrema simplicidade, com apelo a recursos de luminosidade que de longe evocam os pré-impressionistas e a uma fatura gorda, empastada; na segunda fase a palheta se aclara e enriquece de novos matizes, a pasta pictórica é utilizada com maior parcimônia, enquanto, tematicamente, o assunto brasileiro faz sua aparição, externado numa linguagem plástica das mais pessoais e mais bem articuladas surgidas entre nós.


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ALDEMIR MARTINS


Desenhista, gravador e pintor
Ingazeira, 1922


Cearense de Ingazeira e autodidata nasceu no ano de 1922. Antes de fixar-se em São Paulo, em 1946, juntamente com Antonio Bandeira, Inimá de Paula, Mário Barata, Barbosa Leite, João Siqueira, Luís Delfino, Raimundo Campos e Zenon Barreto entre outros, participou do Grupo Artys da SCAP, cuja atividade estava voltada para a renovação modernista no Ceará.


Teve uma participação ativa e constante em centenas de exposições nacionais e internacionais; tais como, nas Bienais de São Paulo (1951, 1955 - na IIIa. recebe o «prêmio de desenho», 1975); na Bienal de Veneza em 1956 - sua participação foi premiada, na «modalidade de desenho»; participou ainda dos Salões Nacional de Arte Moderna (1957 e 1959 quando recebeu o prêmio de «viagem ao estrangeiro»). Ainda durante o ano de 1955, no IVº Salão de Arte Moderna, no Rio de Janeiro, recebe a "Pequena Medalha de Ouro".


Sempre se dedicou a temas nordestinos que em geral foram tratados de maneira estilizada e lírica; penso que em virtude da utilização de uma policromia sem fim. Em 1950, fez o Curso de Gravuras do MASP com Poty, a quem substitui nas várias ausências. A produção daquela época que também retratava o Nordeste, era severa e dramática; dramaticidade essa oriunda das deformações de figuras hieratizadas. Aldemir Martins

Ao explorar ao máximo o efeito das linhas, ora suavizando-as em arabescos e círculos, ora justapondo-as em grossas condensações, o desenhista e gravador brasileiro Aldemir Martins criou um estilo próprio, de rápida assimilação. Contribuíram para isso seus temas, de início rendeiras, cangaceiros e outros tipos nordestinos, aos quais depois acrescentou bichos estilizados (cabras, gatos, peixes, aves), além de flores e frutas tropicais.

Estupendos desenhos em nanquim serviram para a decoração de objetos e tecidos.

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HEITOR DOS PRAZERES


Compositor de músicas carnavalescas de sucesso, como a marchinha Um pierrô apaixonado, em parceria com Noel Rosa, Heitor dos Prazeres se tornou mais conhecido como pioneiro da pintura primitiva, ou ingênua, no Brasil.

Heitor dos Prazeres nasceu no Rio de Janeiro RJ em 1898. Muito precoce, aos oito anos já tocava cavaquinho, instrumento para o qual criou um método de aprendizagem com 16 posições. Integrado ao movimento das escolas de samba cariocas, participou, na década de 1920, da fundação da Portela e da Estação Primeira da Mangueira, entre outras.

Depois de vencer, em 1927, um concurso de samba, teve suas composições gravadas por cantores como Francisco Alves e Mário Reis. Data dessa época sua disputa com o compositor Sinhô, seu parceiro em Gosto que me enrosco e outros sambas divulgados como de autoria exclusiva de Sinhô. Seus direitos e a autoria foram reconhecidos mais tarde. Em 1931 afastou-se das escolas de samba para ingressar no rádio. Compôs marchinhas e sambas como Lá em Mangueira, Sou eu que dou as ordens, Estás farta de falar da minha vida e Mulher de malandro, tido como sua obra-prima. Em 1956 gravou o disco Heitor dos Prazeres e sua gente.

Autodidata, começou a pintar em 1937 e logo se destacou como um dos primeiros artistas na linha da pintura primitiva ou ingênua que, nas décadas seguintes, iria ter muitos praticantes no Brasil. O reconhecimento oficial de seu trabalho, sempre em cores vivas e com temas extraídos das favelas, das ruas suburbanas e das zonas rurais que ainda existiam no Rio de Janeiro, deu-se em 1951, quando foi premiado na I Bienal de São Paulo. Voltou a participar da bienal em 1953 e 1961, neste último ano com isenção de júri.

A partir de 1957, quando participou da exposição itinerante Arte Moderna no Brasil, levada a Lima, Santiago e Buenos Aires, esteve em várias coletivas organizadas no exterior, como Oito Pintores Ingênuos Brasileiros (Paris, 1965), Arte Brasileira Atual (Londres e Viena, 1965) e Pintores Primitivos Brasileiros (Moscou e outras cidades européias, 1966). Ao mesmo tempo, e com sucesso crescente, fez mostras individuais no Rio de Janeiro (1961), São Paulo (1963), Salvador (1964) e Porto Alegre (1965). Representou o Brasil no Festival de Arte Negra de Dacar, Senegal, em 1966. Heitor dos Prazeres morreu no Rio de Janeiro em 4 de outubro de 1966.

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